As distribui��es Linux

Extra�do de: A Revista de Informa��o e Tecnologia CCUEC Unicamp
Autor: Eduardo Marcel Macan

Tendo o Linux o car�ter de livre distribui��o que tem, � natural que v�rias pessoas ou organiza��es passassem a distribu�-lo. Nasceram assim as distribui��es de Linux. "Mas que diferen�a faz qual distribui��o eu escolho, se � tudo Linux?", voce deve estar se perguntando. Para um usu�rio comum, que vai precisar editar um texto, fazer um programa, editar uma imagem, acessar a internet, entrar e sair do ambiente gr�fico, etc, as diferen�as ser�o realmente poucas e por vezes impercept�veis.

As grandes diferen�as entre as distribui��es est�o nas ferramentas de manuten��o do software instalado, em sua filosofia e no seu p�blico-alvo.

A maioria das pessoas se assusta no primeiro contato com o Linux, pois n�o estavam acostumadas a ter um grande leque de escolha no mundo de software e sistemas operacionais propriet�rios de onde vieram. O primeiro susto � que existe uma dezena (isso mesmo, aproximadamente dez) distribui��es diferentes, ao menos na �poca em que este artigo foi escrito. A pr�xima pergunta � se esta grande variedade n�o ir� levar ao caos e � incompatibilidade entre distribui��es e, conseq�ente, a auto-destrui��o do Linux. A resposta para esta d�vida ao meu ver � bastante simples: "N�o". Muito j� foi discutido a esse respeito, destas discuss�es nasceu o trabalho conjunto entre v�rios distribuidores para regulamentar as distribui��es de Linux, e criar um n�cleo comum para evitar a t�o temida incompatibilidade, este esfor�o � chamado de LSB (Linux Standard Base) que visa criar a plataforma "padr�o" de Linux a ser seguida por todos os distribuidores.

O segundo fator � que estas distribui��es tamb�m s�o diferenciadas pela sua filosofia e p�blico-alvo, o que faz com que elas n�o compitam diretamente por usu�rios. Uma nova distribui��o nasce quando as existentes n�o atingem as necessidades de um novo grupo de usu�rios, e estes decidem criar a sua pr�pria distribui��o. Para ilustrar, irei comentar as diferen�as filos�ficas entre as distribui��es mais famosas:

Slackware Linux

Uma das distribui��es mais antigas mas ainda em evid�ncia, apesar de ser pouco atrativa para os novatos. Esta distribui��o, organizada por Patrick Volkerdig tem pouca ou nenhuma organiza��o no que diz respeito a gerenciamento de depend�ncia de pacotes, ou seja, voc� pode inadvertidamente remover um pacote de software do qual outros pacotes necessitam para funcionar sem sequer ser avisado disso. � uma das poucas (sen�o a �nica atualmente) que pode ser instalada a partir de diskettes.

A slackware � atraente para pessoas que t�m bastante experi�ncia em administra��o Unix, e que gostam de baixar o c�digo fonte de programas, compil�-los, instal�-los, configur�-los e gerenci�-los com as pr�prias m�os, � moda antiga. �, no entanto, a distribui��o que d� mais liberdade ao administrador por n�o impor restri��es e que exige mais conhecimento dos utilit�rios e pacotes de software do sistema.

N�o existe uma forma simples de fazer upgrade em Slackware, o modo comum � fazer backup de dados de usu�rios e configura��es e instalar um novo slackware do zero.

O uso prolongado de Slackware tende a criar um administrador mais experiente do que os demais, e com menos cabelos.

Open Linux

A distribui��o da empresa norte-americana Caldera, respons�vel pela manuten��o de diversos produtos comerciais para Linux. O Open Linux, apesar do nome, � a distribui��o que possui mais pacotes de c�digo fechado, tendo um visual bem familiar ao mundo comercial, voltado para pessoas de gravata.

A distribui��o Caldera foi a primeira a distribuir o Netscape quando este ainda era um produto fechado. O servidor Oracle lan�ado para Linux foi disponibilizado primeiro para esta distribui��o. A Caldera tamb�m det�m (entre outros) os direitos de comercializa��o do servidor Novell para Linux. O Caldera Open Linux tem pouco compromisso com o software livre, incluindo em sua distribui��o pacotes pol�micos, como o KDE (desktop com cara de Windows95 para Linux) que � livre, mas obriga o usu�rio a instalar uma biblioteca comercial no sistema.

Se voc� n�o d� a m�nima para o que � Free Software, quer ter o Linux para fazer sua empresa andar sem ter que rebootar os servidores a cada 12h sem se desfazer de toda a filosofia comercial � qual voc� est� acostumado e ainda pagar um bom dinheiro para a distribuidora do software, ent�o o Open Linux � para voc�.

Red Hat Linux

A Red Hat � a distribui��o mais popular nos dias de hoje. Al�m de contar com o RPM, o gerenciador de pacotes mais difundido na internet, � mantido por uma empresa que se preocupa com Free Software, mantendo v�rios funcion�rios com a tarefa �nica e exclusiva de escrever software que ser� disponibilizado atrav�s da internet, com c�digo fonte e tudo.

V�rios projetos foram adotados pela Red Hat, como o Gnome e o Enlightenment, o primeiro, resumindo drasticamente, � um protocolo para a integra��o entre aplica��es e o segundo um gerenciador de janelas com caracter�sticas extremamente avan�adas e inovadoras, juntos os dois s�o concorrentes diretos do KDE.

O Red Hat Linux � muito preocupado com o usu�rio leigo, sendo a distribui��o de instala��o mais simples e r�pida e que conta com uma das melhores interfaces. Recentemente a Intel, a Netscape e outras empresas passaram a investir na Red Hat, o que tende a torn�-la ainda mais popular. A Red Hat � hoje a distribui��o de Linux que suporta mais plataformas de Hardware.

Se voc� � um novo usu�rio de Linux, considere a Red Hat como a melhor escolha para come�ar a se aventurar com Unix.

Debian GNU/Linux

A Debian come�ou como um projeto da FSF (Free Software Foundation, a funda��o respons�vel pelo projeto GNU e pelo in�cio de toda esta onda de Free Software), posteriormente houve o desligamento entre os dois projetos e a Debian tomou vida pr�pria.

A mais preocupada com Free Software de todas as distribui��es e a mais aberta. Apenas pacotes que tenham c�digo-fonte dispon�vel sem restri��es podem fazer parte da distribui��o principal Debian.

Se voc� quiser fazer parte do time Debian, basta que voc� escolha um pacote de software que ainda n�o faz parte da distribui��o, estude as normas e mecanismos impostos e anuncie seu interesse de empacot�-lo e inclu�-lo, automaticamente voc� ganhar� o status de "developer" e passar� a ser respons�vel por cuidar de seu pacote, fazer atualiza��es de vers�o e etc.

Gra�as a esta filosofia, a Debian � hoje a distribui��o com o maior n�mero de pacotes de software (perto de 2000) e com o maior time de desenvolvimento (mais de 300 pessoas). Seu sistema de controle de pacotes � extremamente robusto (alguns afirmam ser melhor do que o da Red Hat) e confi�vel.

Fazer um upgrade do sistema Debian geralmente se resume a colocar o novo CD na m�quina e pedir o upgrade, que ser� feito sem que os usu�rios percebam e sem ter que rebootar o computador.

As desvantagens existem. At� o presente momento a instala��o da Debian � um pouco confusa para quem come�a, principalmente porque o usu�rio fica obrigado a escolher um por um entre todos os pacotes dispon�veis, mas a promessa � que nas pr�ximas vers�es um novo gerenciador de pacotes ser� integrado, que ir� facilitar em muito a vida do usu�rio.

Quando voc� escolhe Debian, voc� tem certeza de que voc� tem liberdade total com o software que voc� adquiriu, sem ter que se preocupar com licen�as, pois elas foram todas avaliadas antes de serem inclu�das na distribui��o. Uma parte dos usu�rios de Red Hat migra para Debian depois de algum tempo de uso.

Debian � a minha distribui��o preferida. Se voc� � algu�m que se preocupa com a liberdade de Software, torce o nariz para software comercial, precisa administrar uma rede e j� tem experi�ncia, considere o Debian como uma alternativa pr�tica.

Monkey Linux

Para aqueles que t�m medo de criar parti��es de disco e instalar mais de um sistema na mesma m�quina, que por algum motivo n�o podem instalar um novo sistema no computador, ou para aqueles que querem apenas experimentar o Linux, a distribui��o Monkey Linux � a escolha, j� que esta distribui��o pode ser instalada numa parti��o DOS/Windows. O Linux tem um mecanismo que o permite funcionar sobre uma parti��o FAT (DOS/Windows) como se estivesse sobre o EXT2FS (a formata��o do Linux) claro, sob o custo da efici�ncia, j� que a FAT � muito pobre em recursos que acabam tendo que ser emulados.

Se voc� tem medo do que � novo para voc� e quer experimentar o Linux de que tanto tem ouvido falar, instale o Monkey Linux, inicialize seu Windows em modo DOS, rode o programa de inicializa��o e assista o Linux substituir o Windows completamente na mem�ria e se inicializar utilizando uma parti��o DOS como se fosse um filesystem Unix. Depois que voc� come�ar a se perguntar o que o DOS/Windows ainda faz em sua m�quina considere uma das distribui��es citadas anteriormente neste artigo ;)